Ligeiro histórico do PCB
25/03/1922
O PCB nasceu das lutas operárias que já vinham se
desenvolvendo desde o final do século XIX, lutas que se fortaleceram com
a ampliação da indústria, nos anos da primeira Guerra Mundial. Os
movimentos operários brasileiros, nos primeiros anos do século XX, seguiam duas
orientações:
1) o reformismo que
não contestava o capitalismo, optando pela participação marginal dos
trabalhadores nos resultados da produção capitalista, à semelhança do que
propõe, atualmente, o sindicalismo de resultados;
2) o anarquismo que
contestava o capitalismo, a propriedade privada dos meios de produção.
Os anarquistas
defendiam a autonomia sindical, mas eram contrários à organização
político-partidária dos trabalhadores; à fundação de um Estado e à
submissão a um governo central. Pregavam a organização espontânea do
trabalho e o controle da propriedade dos meios de produção pelas associações de
produção livremente organizadas e federalizadas nas comunas.
A Doutrina
anarquista surgiu na Europa entre os séculos XVIII e XIX e foi introduzida no
Brasil por imigrantes europeus, nos últimos anos do sec. XIX e começo do sec.
XX. Segundo algumas fontes, houve uma experiência anarquista de imigrantes
italianos na colônia de S. Cecília, PR, entre 1890 e 1893, em terras doadas por
D. Pedro II.
Um dos principais
representantes do movimento anarquista, em S. Paulo, foi Edgard Leuenroth, autodidata, balconista, aprendiz de tipógrafo,
nasceu em Moji Mirim, SP, 1881 e faleceu em S.Paulo,
SP, em 1968. Fundou, em 1897, o periódico O Boi, de circulação restrita, no
bairro de sua cidade. Foi um dos fundadores da Federação Operária de São
Paulo, em 1905, e, em 1908, fundou, com o médico português de pseudônimo Neno Vasco, o periódico anarquista, Terra Livre. Em 1917,
fundou o jornal A Plebe. Ainda em 1917, foi preso e processado como um dos
organizadores da grande greve operária realizada naquele ano, em São Paulo.
Nessa greve, os operários reivindicavam, entre outras coisas, a jornada de
trabalho de 8 horas diárias e melhores condições de trabalho para todos.
Esse incansável
batalhador da causa operária participou, também, dos três primeiros congressos
operários realizados no Rio de Janeiro, em 1906, 1913, 1920.
Astrojildo Pereira (Rio Bonito, RJ, 1890 – Rio de Janeiro,
RJ, 1965), jornalista, escritor e político brasileiro, de origem anarquista,
foi um dos líderes da greve operária de 1918, no Rio de Janeiro, cuja pauta de
reivindicações era semelhante a
dos trabalhadores paulistas de 1917. No entanto, ele e algumas lideranças
operárias aprenderam com as lutas travadas no seio do capitalismo que o
reformismo e o anarquismo não passavam de utopia. E quando ocorreu a revolução
soviética de 1917, aquelas lideranças compreenderam que o salto qualitativo
para a fundação de uma sociedade igualitária, sem exploração de classe, só
poderia se realizar pela constituição de um partido político, comunista,
fundado na filosofia do marxismo-leninismo.
As ideias
socialistas, a partir de então, foram sendo assimiladas, lentamente, por
algumas lideranças operárias, graças, em parte, aos trabalhos de organização
política de Astrojildo. Ele mantinha contato
permanente com as principais lideranças da classe operária, e após dissidências
internas no movimento anarquista, fundou com outros onze camaradas operários
mais esclarecidos o Grupo Comunista, em 7 de novembro de 1921.
Essa iniciativa
política, contudo, não teria sido a primeira de caráter marxista, no Brasil. O
grupo de orientação marxista mais antigo teria sido o de Porto Alegre. Lá foi
fundada a União Maximalista, em novembro de 1918.
O Grupo Comunista
de Astrojildo, porém, entrou em contato com os
movimentos operários nos diversos estados brasileiros, apresentando seu
programa, divulgando as 21 condições para a admissão na III Internacional, e
propondo, ainda, encaminhar mensalmente para aquelas lideranças estaduais
artigos doutrinários e informações sobre o movimento revolucionário
internacional. Rio de Janeiro, S. Paulo, Porto Alegre e Recife eram os centros
mais importantes, nesse processo de debate político e de troca de informações.
Após tornarem-se
claras para as principais lideranças operárias as ideias socialistas, nove
delegados, representando os comunistas organizados em diversos estados
brasileiros, se reuniram em conferência, na cidade de Niterói, e fundaram, em
25.03.1922, o PCB. Sua declaração de princípio foi: “construir um mundo melhor,
solidário, sem injustiças, sem exploração, onde todos tenham as mesmas
oportunidades de se desenvolver”.
A seguir, em ordem
alfabética, os nomes desses camaradas: Abílio de Nequete
(barbeiro); Astrojildo Pereira (escritor e
jornalista); Cristiano Cordeiro (contador); Hermogênio
Silva (eletricista); João da Costa Pimenta (gráfico); Joaquim Barbosa
(alfaiate); José Elias da Silva (funcionário público); Luís Perez (operário
marceneiro vassoureiro); e Manoel Cendón (alfaiate).
A título de
homenagem, citamos outros lutadores históricos que abraçaram os ideais dos
bravos fundadores do PCB: Octavio Brandão, Minervino de Oliveira, Luís Carlos
Prestes, Olga Benário, Pagu, Osvald
de Andrade, Cândido Portinari, Di Cavalcanti, Gregório Bezerra, David
Capistrano, Edson Carneiro, Nelson Werneck Sodré, Caio Prado Jr, Rui Facó, Jorge Amado, Graciliano Ramos, Solano Trindade,
Milton Caires Brito, Paulo Cavalcanti, Elisa Branco, João Saldanha, José Maria
Crispim, Osvaldo Pacheco, Lindolpho Silva, Mario Schenberg, Samuel Pessoa, Stanislau
Ponte Preta, Vianinha, Dias Gomes, Paulo da Portela e Paulo Pontes, Vladimir
Herzog, Manoel Fiel Filho, Horácio Macedo, Ana Montenegro, Niemayer. Lutadores
históricos presentes nas principais batalhas dos trabalhadores brasileiros.
Militantes, amigos
e simpatizantes do PCB integraram, ao longo do século XX, a plêiade de heróis
do povo brasileiro, nos campos da ciência, das artes e da cultura como
expressão do trabalho em geral.
Por lutar por uma
sociedade justa, socialista, os comunistas sofreram em sua trajetória histórica
grande perseguição política. O registro de seu partido, o PCB, foi cassado, e
seus militantes ficaram mais de meio século na clandestinidade. Todavia, não
podemos pensar os movimentos sociais brasileiros sem a participação ativa dos
comunistas. É conhecida sua luta histórica pela defesa do patrimônio
brasileiro; pela campanha do “petróleo é nosso”; pelas reformas agrária e
urbana; pela valorização do idioma nacional, suas letras e artes em geral;
contra a ditadura; pela anistia; pela redemocratização; por uma assembleia
nacional constituinte; pelo impeachment do governo Collor; pela oposição
radical ao neoliberalismo dos governos pós 1990.
No plano
internacional, os comunistas sempre apoiaram os movimentos de libertação
nacional, notadamente na África e Ásia. Ontem como hoje, estão engajados
nos movimentos que defendem a paz e a autodeterminação dos povos.
O
Capitalismo: a principal lei do capitalismo, hoje, é o lucro máximo, e
isso vem ocorrendo pela centralização do capital, e pela introdução de novas
tecnologias de produção, altamente excludentes de mão de obra. Ficou para trás
o modelo de incorporação de grandes massas de consumidores no mercado.
A formação de
blocos econômicos, à medida que agrupa países num processo de competição cada
vez mais predatória no mercado mundial, nada mais é do que uma contradição dos
conflitos interimperialistas. Por um lado, a exclusão
se estende a quase 3 bilhões de pessoas, no mundo todo, constituindo os estratos
sociais dos pobres e miseráveis do capitalismo; por outro, cerca de 700
corporações respondem por 70% do PIB mundial. A fortuna pessoal do dono da
Microsoft é maior do que o PIB de 120 países, quando tomados individualmente.
Todas as manhãs, Bill Gates acorda mais rico, cerca de US$ 20 milhões.
O que fazer: os
comunistas entendem que o capitalismo é apenas uma relação social, um modo de
produção transitório, que pode mudar, assim como mudaram os anteriores (modo de
produção asiático, escravismo, feudalismo, manufatura, e agora o capitalismo).
O resultado da
produção deve ser socializado, isto é, as máquinas devem produzir para todos,
porque no fundo, todos os bens são criados pelo trabalhador. Os instrumentos de
trabalho, as máquinas, as matérias-primas, as vias de comunicação, os
transportes, tudo é trabalho cristalizado, trabalho realizado anteriormente
pelo proletariado. Se o proletariado tudo produz, a ele tudo pertence. Se o
trabalho é social, por que o resultado do trabalho não pode ser socializado,
isto é, distribuído a todos os trabalhadores?
No socialismo, não
haverá a exploração do homem pelo homem, todos serão trabalhadores. Cabe,
portanto, ao proletariado essa missão redentora: libertar-se enquanto vítima da
exploração dos patrões, libertando, simultaneamente, seus algozes, fundando uma
sociedade sem classes sociais distintas e antagônicas, uma sociedade só de
trabalhadores.
Para mudar o
Capitalismo, para fazer com que o trabalhador controle o resultado de seu
trabalho, decidir o que será feito com a riqueza produzida, é preciso tirar o
poder político e econômico dos patrões, conquistar o poder popular, o
socialismo. E isso só se concretiza com a união dos trabalhadores sob o comando
de seu partido político, o partido comunista.
solonsantos@yahoo.com.br
– notassocialistas com br -
Ligeiras notas.